Ser Flamengo é ter alma de herói

"Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnico, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável."

Fala Zico

Fala Zico

FALA ZICO!!!

Tóquio, dezembro de 1981

O Estádio Olímpico estava tomado pelos japoneses. Os ingleses do Liverpool entraram em campo soberbos, imponentes. Certos de que sairiam dali campeões do mundo interclubes.

Estavam enganados.

Nós, do Flamengo, sabíamos da nossa força técnica e, sobretudo, raça. Respeitávamos os representantes da Rainha - e só. Tínhamos do nosso lado, lá em cima na arquibancada, uma torcida de peso que estendeu uma faixa preta e vermelha com a seguinte frase em letras brancas:
“RAÇA RUBRO-NEGRA
Longe de casa, nos sentimos honrados e sensibilizados. Aquele pequeno grupo representava a imensa torcida do Flamengo.

Nosso coração bateu forte. Ali os ingleses começaram a perder o jogo. Vencemos por 3 a 0 e demos um show de bola. Os japoneses deliravam e nos aplaudiam de pé.

A faixa da Raça Rubro-Negra tremulava. E tremulou por 18 anos nas mãos de Moraes e seus fiéis companheiros de arquibancada. No Maracanã, em São Paulo, por todo este Brasil afora, e também por diversos campos do exterior. A Raça Rubro-Negra esteve presente em mais de 40 países ao lado da gente.

Lembro dela no Estádio Nacional de Santiago do Chile, quando o Cobreloa nos venceu de 1 a 0, pela Libertadores, e provocou o terceiro jogo, agora no Estádio Centenário de Montevidéu. E também lá estava a Raça. Incentivados por ela fomos à forra. Vencemos por 2 a 0 e ganhamos também o direito de disputar o título mundial contra o Liverpool.

Quando fui para a Udinese pensei que tínhamos nos separado por algum tempo.

Estava enganado.

Na minha simples apresentação à torcida italiana, num jogo contra o Flamengo – entrei em campo por apenas poucos minutos – lá estavam Moraes e Zé Carlos, apoiando o Flamengo e torcendo por mim.

Ainda em Udine, que marcava minha despedida da Seleção Brasileira contra uma seleção do resto do mundo, fui surpreendido com uma homenagem da RAÇA RUBRO-NEGRA. Recebi, e guardo com orgulho, um lindo troféu que me foi presenteado por Moraesem nome de todas as torcidas do Flamengo.

Deixei para o final o que considero mais importante de tudo: MORAES, ZÉ CARLOS e a RAÇA RUBRO-NEGRA nunca deram qualquer despesa para o FlamengoEles são do tempo em que os torcedores serviam ao clube sem se servirem dele.

Parabéns, MORAES E ZÉ CARLOS.

Parabéns, RAÇA RUBRO-NEGRA.