Ser Flamengo é ter alma de herói

"Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnico, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável."

Mengão x Frutas Tapetudas - Sulamericana - Primeira Partida - Pós Jogo


Mengão x Frutas Tapetudas - Sulamericana - Primeira Partida - Pós Jogo

Metrozão. Calor cão e resolvi agradar ao meu “bilau”. Fui sem bermuda e cueca. Peladão, peladão. Botei uma camisa grandona pra cobrir o “muleke” e meu inseparável boné.

“ARTE”, isso é Arte, carai. Andar nuzão por ai agora é arte, sabiam?

Entrei no Metrô, geral olhando, mas ninguém falou nada.

Estação Estácio, troca de Metrô pra linha 2. Chegando na estação São Cristovão um Negão grandão, de 2 metros de largura por três de altura levantou minha camisa devagarzinho e falou:

- Sua pessoa tá peladão, é?

- Isso é Arte, Negão, ARTE.

- Vou falar uma coisa pra sua Pessoa. Se a Pessoa da minha patroa tivesse aki eu ia era fazer uma arte nessa sua cara de Paraíba;

- Eita porra, o bagulho ficou doido.

Medão. Me afastei do Negão. Fui pro canto do vagão. Ele me olhando... Chegou à estação Maracanã, desci correndo olhando pra trás. O Negão seguiu viagem. Ufa.

Maracanã. Entrada Norte, Setor “E”. Entrei.

Encontrei a Ana Paula Lima, do Flamengo. Me olhou e...

- Moraes, cê tá Pelado? Cê tá nu? Cê é doido?

- Isso é Arte, Ana, ARTE ABSTRATA. "Negão Pelado no Contemporâneo do Brasi"l.

- Cê tá maluco. Que porra é essa? Peladão no Maracanã. Tu vai vê a tal Arte “Negão Pelado no Contemporâneo do Brasil” quando a Policia te pegar, espera...

Nem liguei, Nem liguei. Ninguém tá entendendo minha Arte. Porra, um crioulo bunito que nem eu, altão, saradão, olhos verdes, peladão, peladão é Arte, certo?

Quê? Preu cair na real? Tá, tá. Um crioulo feio pragarai que nem eu, baixin, careca, duro, cabeça xata, nascido no Piauí e que mora em Magé é Arte? Caraaaalhooooooooooo.

Times em campo. Bora pro jogo. Mengão entrou com Xis (Alex Alves); Belém (Pará); Lumbrigão (Rever); Pai Tomás (Rafael Vaz) e Tronco (Trauco); Culhão (Cuelar); Arapão (Arão); Xico Bento (Everton Ribeiro) e Pokemon (Diego); Papa Léguas (Everton) e Luki Pocotó (Lucas Paketá).

Não tinha jogo. Todo mundo mal. No meu time e no deles. Era um tal de chutão pra lá, chutão pra cá. Nada. Os goleiros tomando caipirinha.

Irritante a displicência do Xico Bento. Irritante a continuada escalação do Luki Pokotó ali como atacante. Num sai nada.

Meu zagueiro capitão levou uma porrada, o Lumbrigão e saiu. Entrou o Frankstein (Rodolfo) .

Rame do carai e de repente achamos um gol. Jogada pela direita, alguém meteu pro Arapão que tava com uma raça nunca vista, que cruzou pro meio, o goleirinho rebateu, sobrou pro Papa Léguas que só empurrou pro gol. Sacoooooooooo. Mengão 1x0.

Fikei louco. Quase morri de felicidade. Tirei a camisa e fikei peladão de vez. Só de boné...

Geral fez “oh”. Olhei pro lado direito. Vi a Vivi Mariano fofocando com a Ana Botini...

- Cruzes, pekininho Ó, parece japonês...

Fiodumaeguas, fiodumaeguas.

Olhei pro lardo eskerdo, vi o Henrique Machado, o João Gabriel Bandeira e o Vicente Arruda...

- Huuuummm, dilicia, dilicia...

- Oxente. Bora parar de boilagem, bora? Já existe cura gay, tá. Procurem o Pastor Crivela...

E o jogo correndo. Eu nervosão. Felizão. Mengão ganhando...

De repente chegou os Puliça. Um grandão segurando o cassetete:

-  que porra é essa Negão? Tá maluco?

- Isso é arte, seus Puliça. Arte;

- Bota uma roupa ou vou fazer é uma arte com esse cassetete no teu cu;

- Eita porra. Agora o bagulho endoidou de vez...

- Mas, mas, num tenho bermuda...                

- Ou arranja uma ou vamos te meter em cana...

E o jogo correndo... Confusão formada. Alguns me defendendo, outros querendo que os Puliça me jogassem pra fora.

Ouvi de longe a voz da Leila Neiva gritando...       

- Usa a cueca do Bruno Nin;

- Do Bruno Nin? O cuecão do Bruno Nin? Porra, ai cabe dois elefantes com as asas abertas e o rabo abanano Ó... Pra lá e pra cá...

- Minha cueca não. Minha cueca não. Tá novinha. Só usei trezentas vezes...

Luisinho berrou: vai emprestar sim e junto com o Ricardo Arruda, Daniel Stockler, Luan Saman e outros mulekes correram pra cima dele.

Bruno Nin correu; os mulekes atrás; Bruno Nin tropeçou... Bruno Nin caiu... Os mulekes pegaram ele, imobilizaram ele. Bruno Nin se defendendo, Bruno Nin gritando: minha cueca nãoooooo...Minha cueca nãoooo. Bruno Nin defendendo com todas as forças sua cueca de estimação.

De repente alguém grita:

- Tira pela cabeça...

Os mulekes conseguiram tirar o cuecão pela cabeça, vou repetir: pela cabeça... Aumentou o tamanho. Cabe mais um elefante aí com os 10 chifres pra cima...

Trouxeram a cuecona do Bruni Nin. Botei a cueconaa. Respirara, a cueca caia. Prendia a respiração,  botava a cueca. Os Puliça olhando... Eu nervosão... Jogo rolando... Mengão ganhando...

Cabô o primeiro tempo. Volta pro segundo. Mesma merda. Só chutão. O time deles avançou um pouco mais, mas sem ameaçar a vera meu time.

Mengão malzão. Os dois zagueiros se desdobrando pra conter o inimigo. O Arapão com uma garra impressionante, o resto... E o meu técnico, o Fessor Nei Franco Colombiano sem se mexer, podendo fazer algumas alterações. Nada.

No finalzinho ele colocou o Marcinho VP (Márcio Araujo) pra fechar de vez a porteira e depois o Galalau (Vizeu) pra fazer merda lá na frente.

Bem, ganhamos, isso é que importa. Temos a vantagem pro segundo jogo e vamos manter essa vantagem, com fé em São Judas Tadeu.

Aos 40 minutos do segundo tempo os Puliça foram embora e fikei liberadão. Só de camisa e boné.

Resolvi dividir a cuecona em três pedaços “iguais”. 5 metros foi pro Museu do Guilherme Nogueira; 15 metros dei pro Dudu Vinicius também pra colocar no Museu dele e o resto, 36 metros, cortei em pedacinhos e fiz chaveiros pra dar de brinde pros meus jogadores como prêmio pela vitória.

Voltei de metro. Entrei no vagão. Cheião.  Colei a bunda na porta pra ninguém “vir de gracinha”.

Feliz. Feliz.

Quando Mengão ganha a felicidade é completa.

Bligladão Mengão.

Valeu

Moraes

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