Ser Flamengo é ter alma de herói

"Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnico, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável."

E esse tempo que não volta

 

E esse tempo que não volta...

Parece que foi ontem. Há 30 anos, no dia 13 de dezembro eu tava em Tóquio feliz. Muito Feliz.  Meu Mengão acabara de ganhar o título Mundial. Eu achava que viriam outros até com facilidade...  Tínhamos o melhor time do mundo. Quando sai de lá pra retornar ao Brasil, pensei: próximo ano tô aqui de novo...

Qual o quê? Voltei lá, mas não pra vê meu Mengão Campeão. Voltei lá pelo Zico e pela "Seleção Brasileira". Grande frustração. Mas vou voltar pra ganhar o bi-campeonato. Pode ser amanhã, pode ser depois de amanhã, mas volto. Prometi pra mim mesmo que resisto a tudo pra realizar esse sonho.

Agora, como lembrar de Tóquio sem lembrar daquele fantástico ano de 81 principalmente o segundo semestre?

Como lembrar de Tóquio sem lembrar a primeira fase da Libertadores em que liderado pelo Claudio Cruz, idealizador e fundador da Raça Rubro-negra, fizemos a primeira excursão de uma torcida organizada para o exterior?

Como lembrar de Tóquio sem lembrar uma fantástica viagem em que eu, Claudio e Cezar Cruz fizemos pra ver o jogo contra Jorge Wilsterman, em Cochabamba, que rendeu o livro "Odisséia no Oriente" do jornalista e escritor Carlos Eduardo Novaes, e aqui no site com o título "Uma Faixa Estendida na Raça"?

Como lembrar de Tóquio sem lembrar a epopéia dos três jogos contra o Cobreloa, e que tornou Mengão campeão da América?

Como lembrar de Tóquio sem falar da morte do saudoso Claudio Coutinho antes da viagem?

Como lembrar de Tóquio sem lembrar da vingança contra os "Cachorros", jogo em que metemos 6x0 neles?

E pra finalizar como lembrar de Tóquio sem falar dos três jogos contra nosso eterno freguês  "Vascu da Gema" em nos sagramos campeões carioca?

Aí sim partimos pra Tóquio. Confiantes. Sabíamos que íamos ganhar. E ganhamos até com facilidade.

Não foi o jogo da minha vida, sempre falo isso em todas minhas entrevistas. Pra ganhar o campeonato mundial tem que ganhar a Libertadores. O jogo da minha vida foi na partida final em Montevidéu. Ganhando ali, jamais perderíamos no Japão. Poucos torcedores tiveram o privilégio que eu tive. Muitos não foram e estão arrependidos até hoje. Fazer o quê? O tempo não volta.

Hoje na Gávea revi a maioria dos jogadores que estiveram lá. Revi também o Siri, o Tampa e o Sérgio Almendra, torcedores que tiveram essa honra. Faltou o Zé Carlos: meu amigo, meu irmão, companheiro de andanças que infelizmente mora em Londres e não poder vir.

Só posso agradecer a Deus por esse privilégio. Por ter tido essa honra. Por ter de alguma forma ter participado da história do Flamengo.

E meu sonho continua. Não tenho mais 30 anos pra esperar... Tenho que ganhar uma Libertadores ontem, hoje, amanhã... Eu preciso tá vivo, contra tudo e contra todos... E vou tá... Vou esperar...

Me ajuda Mengão. Realiza meu sonho. Todo ano é o ano e quando chega no dia 31 de dezembro olho pra trás e penso... Ainda não foi desta vez... Mas vai ser... Eu espero... Eu consigo... Eu volto lá... Volto Campeão... Morro em Paz...

Todo ano é o ano. Vai ser no próximo, com fé em Deus.

Atenção: todas as reportagens e matérias que foram publicadas nesses dias vão tá aqui na seção "vídeos" a partir de quarta-feira. O Bruno Nin tá providenciando ok.

Valeu

Moraes