Ser Flamengo é ter alma de herói

"Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnico, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável."

Deixou de ser um grande prazer pra virar um tremendo martírio

 

Deixou de ser um grande prazer pra virar um tremendo martírio.

 

Flamengo e Cruzeiro em Belo Horizonte. Uma vitória e/ou simples empate deixava o mengão na boa, praticamente classificado pra Libertadores já que temos mais dois jogos em casa e do jeito que a galera tá, incentivando e gritando em até lateral batido errado, não tem como perder.

Todo mundo botando pilha pra eu ir de carro e/ou avião. Mil convites da galera que mora em Belô pra ir pra casa deles, com direito a mordomia (churrasco, etc). O diabo é que meus amigos Pablo, Diego (Tomate) e André (Padeco) que moram em Niterói, gente da mais alta qualidade e que nunca tinham viajado com as torcidas organizadas me pediram desesperadamente pra ir com eles com a  Urubuzada e/ou com a Fla Manguaça. Resolvi dar uma força pros mulekes até porque eles vão substituir um dia a velharia né? Eles decidiram ir com a Manguaça.

Bem, mandei e-mail pro Bolota e JR, líderes da Manguaça fazendo algumas exigências prontamente atendidas, sendo a principal que eles me garantissem que não haveria tóxico no ônibus. Por sinal devo dizer que eles foram uma gratíssima surpresa. Cerveja de montão, verdadeiros pinguços, mas não causaram  nenhum problema durante a viagem. Uma garotada da mais alta qualidade. Parabéns mulekes. 

Bem, a saída tava marcada da estatua do Belini pra meia noite de sábado. Cheguei lá às 11.30hs e já encontrei muita gente "tomando" todas. Depois começou a chegar a galera da Urubuzada comandada pelo meu amigo Gaspar. Papo vai, papo vem, esperando os ônibus. 1 da matina. Cadê os ônibus?  Tão chegando, tão na avenida Brasil.  3 da matina. Cadê os ônibus? Tão chegando, tão na Penha... 5 da matina chegam os ônibus...

Galera, quando chegaram deu vontade de rir. Duas "latas velhas" com formato de ônibus,  com volante de onibus,  com pneus de ônibus, mas não eram ônibus. Àquelas porras foram os primeiros protótipos fabricados por um extraterrestre no ano  650 antes de cristo. Puta que pariu...

Fazer o quê? Entramos naquela "coisa" e aí veio o segundo susto. Nosso "motorista" era um figuraça. 1.30m de altura e... 246 kilos...Isso mesmo. Foi logo apelidado de "TOICINHO". Pensei: que qui eu tô fazendo aki? Olhei pro Pablo e disse. Eu vou te matar seu filho da puta...

Saímos do Rio 6hs e partimos com o compromisso de não fazer parada no caminho pra dar tempo de chegar ao jogo.  Fomos embora e realmente só paramos em Juiz de Fora porque a Policia determinou dar uma dura geral, revistando todo mundo e os ônibus. O diabo era aquela coisa parecida com um ônibus e o toicinho. Galera, era de uma lerdeza só. Quando ele conseguia passar de 30km hora, isso mesmo numa descida a galera delirava e gritava: "toicinho, toicinho.. ei, ei ei, o Torcinho é nosso Rei.... Virou um ídolo".

Resultado: chegamos no Mineirão 4.05m. Eu entrei no estádio e já tinha 19 minutos de jogo. Não demorou muito e o nosso glorioso Juan fez um pênalti estúpido e desnecessário e "saco". Gente, não costumo xingar jogador do Flamengo. Nenhum. Vestiu o manto sagrado, seja quem for, é craque. Mas acabou a paciência com o Juan. Acabou. O cara não acerta nada. Erra tudo. Lateral, falta, escanteio. Alguém disse que ele é craque e o puto acreditou. Caraca!.  Pra vocês terem idéia ele tava tão mal, mas tão mal que foi substituído e o Toró foi jogar na lateral esquerda. Vou repetir isso pra ficar na história e pra que daqui a 20 anos meus netos e/ou flamenguista que entrarem no site pensarem que eu to maluco e/ou sou mentiroso.  No dia 5 de novembro de 2007, um cidadão chamado Toró jogou 45 minutos na lateral esquerda do meu Flamengo, substituindo meu lateral esquerdo titular. Juro!!!

Não teve jogo. Meu Flamengo não jogou. Se joga mete 4 naquele time medíocre do Cruzeiro. Logo depois 2x0, depois 3x0. Diminuímos pra 3x1 e... Mais nada. Caramba, um jogo decisivo em que até um empate seria bom entramos sem espírito de luta, sem garra, sem vibração, sem vontade. Não é esse meu Flamengo que está encantando todo mundo, fazendo a galera delirar e bater todos os recordes de público.

Depois da frustração era a hora de voltar. Terrível. Saímos de lá 6.30hs. Não conseguimos fazer nenhuma parada nos bares até o Rio de Janeiro. Nenhuma. Quando chegávamos éramos recebidos pela Policia Militar com armas empunhadas mandando seguir viajem. Pra piorar, estavamos com medo de o Toicinho dormir. Isso mesmo. Pra vocês terem ideia  da gravidade da coisa, em uma parada pra pagar o pedágio, ele deu  3 notas de 10,00 pro atendente. O cara prontamente devolveu dizendo: O Senhor deu dinheiro demais... O Toicinho respondeu: é porque estou cheio de sono... Aí a galera que estava na sentado na frente, eu inclusive, ficou pilhada e "brincou" com ele até chegar no maracanã com medo de o cara apagar.  Chegamos no Rio às  4 da matina. Com fome, sede, estressados e putos.

Hoje em dia, viajar com torcidas organizadas pra ver meu mengão jogar deixou de ser um bom programa. Deixou de ser um  prazer. Virou um grande martírio.

Valeu

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